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Crítica | Doctor Who: The Horror at Bletchington Station e Outros Contos

por Luiz Santiago
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Aqui, trago pequenas críticas para episódios das Short Trips de diversos momentos da série, tanto dos livros, quanto dos roteiros produzidos originalmente para a Big Finish.

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The Republican’s Story faz parte do livro Short Trips: Repercussions. A TARDIS se materializa durante a peste que assolou London em 1666, e enquanto o 4º Doutor e Sarah explora a região, são seguidos de carro por uma estranha figura. Em um pub chamado White Hart, um Republicano chamado William Rokeby fala a um grupo de pessoas que acreditam que Charles II deve ser deposto. A reunião é observada por um militar, Sir Richard Stoneman-Merritt, que organizou para que o local fosse invadido pelo brutal Sargento Mullens. O Doutor e Sarah, que comaçava a se sentir mal, passava pelo pub quando a briga começava, mas o Doutor nota que o grande incêndio começara em outro lugar e chama todos para acudir. Sarah e o Doutor nota que ela está contaminada. A história se segue com o Doutor e Sarah sendo acusados de causar o incêndio e alguns antibióticos da TARDIS, para a qual o Doutor levou Sarah para ministrar-lhe alguns medicamentos são roubados, criando uma anomalia local. Esse conto narra uma versão diferente para a peste e o grande incêndio, em comparação àquela que temos na era do 5º Doutor, em The Visitation. [Andy Russell. 2/5]

Phoenix é parte do livro Short Trips: Indefinable Magic, e assim como o livro de sua antologia e como o título do conto sugere, há uma maravilhosa carga dramática ligada à magia, à fantasia, com direito a unicórnio, dragão, um livro senciente e um gato falante chamado Marmaduke. Infelizmente, não há a indicação de que este é o mesmo Marmaduke que foi companion do 2º Doutor, ao lado de Jamie e Zoe, no conto Constant Companion. Independente disso, a referência funciona como lembrança do passado ou do próprio animal. E que interessante ver o 8º Doutor nesse tipo de história, caçando um livro inteligente capaz de criar coisas. Esse conto é mágica pura! Não é perfeito, pois a motivação dos personagens fantásticos é frágil, mas chega perto disso. [James Goss. 4,5/5]

O 1º Doutor e Dodo seguem viajando sozinhos depois da partida de Steven. Em The Horror at Bletchington Station, que se passa na Inglaterra do século 19, ele apresenta a companion como sua neta para o dono de uma pensão e tenta fugir de um problema aparentemente grave dos trabalhadores da ferrovia. O espírito investigativo de Dodo, porém, faz com que a história siga por um outro caminho de ação plena e com que o Doutor fique e trabalhe para mandar a criatura perdida e sua nave ao seu destino inicial. Interessante perceber que aqui o Doutor está sentindo muito o peso de mais uma separação (a despeito de todos os problema que teve com Steven) e não consegue esconder isso de Dodo, que percebe a rabugice e vontade dele de fugir para um lugar longe de problemas. [Roteiro: Chris Wing. 3/5]

Neptune (do livro Short Trips: The Solar System) coloca o 3º Doutor e Sarah Jane em uma aventura no planeta Netuno, em um passado distante. Toda a história tem a ver com um processo de invasão, domínio do território, pesquisas científicas de diferentes grupos, diferentes raças e ação do Doutor e Sarah para ajudar nesse processo e salvar a colônia. O roteiro é um pouco confuso, burocrático demais e o final muito insatisfatório, evento piorado porque esperávamos que OUTRA PESSOA aparecesse para validar o paradoxo anunciado um pouco antes o desfecho. [Roteiro: Richard Dinnick. 2/5].

A Home From Home, lançado em dezembro de 2014, não é uma adaptação de um conto de um livro. Trata-se de um áudio bônus que foi disponibilizado para assinantes juntamente com o arco The Rani Elite, e narra uma aventura basicamente centrada em Liz e Benton, em um pub na Escócia. O 3º Doutor entra na segunda parte, quando o filtro de percepção do pub já havia sido revelado pelo alien em cena. Depois do dilema ali surgido, algo precisava ser feito. A recusa do Doutor em chamar o Brigadeiro e o restante da UNIT para o local (medo de que eles explodissem tudo) e a tentativa de levar o caso do modo mais pacífico possível, são atitudes muito interessantes, até porque, trata-se de um imigrante perdido, situação que essa encarnação do Senhor do Tempo entendia muito bem. [Roteiro: Nick Wallace. 3,5/5]

Em Sphinx Lightning, um conto para assinantes publicado juntamente com The Secret History, o 3º Doutor e Jo se materializam em 1948, em Ember, uma vila inglesa comandada por um Exército em treinamento. No pátio de uma igreja — um dos edifícios desertos e marcados de balas — eles conhecem uma mulher chamada Emma, que está deixando flores em um túmulo. Quando alguns soldados chegam à cena, o Doutor os convence de que ele está trabalhando para o Primeiro Ministro; então ele, Jo e Emma esperam enquanto checam as informações com o centro de operações que recebe o codinome ‘Sphinx Lightning’. Infelizmente, eles vão se encontrar com alguns inimigos inesperados nesse processo e o Doutor, a despeito do clima de guerra, irá tentar exercer a sua clássica diplomacia (o forte dessa encarnação) para resolver o caso. [Roteiro: John Pritchard. 3/5].

Lant Land (do livro Short Trips: Life Science) se passa em um game de realidade virtual, onde o 5º Doutor, Tegan e Turlough acabam entrando, quando a TARDIS se materializa dentro de um apartamento deste mundo. A grande sacada do conto é confundir o leitor para o que é projeção e para o que é real. Em dado momento da história, Tegan e Turlough chegam a questionar se eles eram projeções ou pessoas reais… Uma forte camada de humor macabro (e com um pouquinho de suspense) torna o conto ainda melhor, pois os anfitriões dos viajantes, Simon e Joanne, teimam em trocar os nomes dos companions para outros “mais críveis” e não poupam críticas ao trio. Há uma certa semelhança dessa realidade com uma aventura do 1º Doutor, The Celestial Toymaker. O final é coroado pela revelação do jogo dentro do jogo. Ou de mais um apartamento na nossa realidade habitado por pessoas do jogo que fizeram download de seus avatares. Mind blow! [Roteiro: Jonathan Morris. 4,5/5].

Romana II quer férias. O 4º Doutor recebe sinais dispersos de energia pelo Universo e não dá a mínima atenção para os pedidos da companion, que lembra um pouco da passagem deles por Paris, em City of Death. Esse é o tema central de Breadcrumbs, adaptação da BF para o conto homônimo do livro Short Trips: Transmissions. A trama anda às voltas com um complicado paradoxo temporal, e nesse meio tempo, não se furta em colocar o Doutor e Romana constantemente brigando. Eles fazem uma aposta e tudo se torna ainda mais divertido, porque há paradoxo envolvido e o resultado disso irá interferir nas versões finais dessa aposta. Ele deixa a companion em Paris, da primeira (e segunda?) vez e segue sozinho — porque “não precisava dela” — em busca de seus sinais de energia pelo Universo. O final, mesmo que um pouco confuso, é engraço e inteligente. [Roteiro: James Moran. 4/5]

Se você sempre se perguntou como é que o Doutor sabe de tanta coisa que acontece na Terra, como ele consegue detalhes específicos sobre lugares, pessoas, ou como e por quê a TARDIS tem um certo apreço por alguns espaços do planeta, talvez esse conto chamado Only Connect traga uma parte da explicação. A trama se passa no Reino Unido, com o 4º Doutor dirigindo um táxi. Ele então vai fazer uma viagem para James Willaker, um arquiteto que vive em pleno tédio pela repetição de seus dias no trabalho, e consegue estabelecer uma linha de conversa que acaba em uma confissão interessante para os dois lados. O Doutor fala um pouco sobre viagem no tempo, sobre coleta de informações, sobre conversar com pessoas e saber das coisas. O arquiteto fala algumas coisas sobre ele mesmo. Fala sobre o que conhece da História, de seu significado e importância, e ouve do Doutor uma aula de contexto histórico simplesmente fascinante. Criando conexões e com a máxima “conhecimento nunca é demais” o conto — do livro Short Trips: Transmissions — nos deixa pensando sobre o nosso papel no mundo e que legado ficará de nós, quando morrermos. [Roteiro: Andy Lane. 4/5].

Baseado em uma das melhores peças teatrais já escritas, um clássico do teatro do absurdo, concebido por Samuel Beckett, Esperando Godot (1952), esta aventura do 4º Doutor é pura genialidade. Intitulada Waiting for Gadot, esse pequeno conto fala sobre um câmera que foi “punido” pelo empregador, sendo enviado para filmar um pássaro raro em um lugar exótico. O Doutor aparece, anuncia que Gadot, o pássaro de dezenas de cores, está extinto, e vê a tristeza no olhar do câmera, que está profissionalmente acabado com isso. Viajando no tempo e fazendo o último exemplar da espécie aparecer para o cinegrafista (em um triste canto de acasalamento para uma parceria que jamais encontraria), o Doutor parte, deixando o homem maravilhado. Ocorre que o chefe do departamento queria algo “mais realista” e envia novamente o cinegrafista para filmar o “alien que aparecia do nada”. Aí começa o tormento desse profissional, que recebe a visita de outros Doutores ao longo do tempo (o 3º e o 5º são facilmente reconhecidos, pela descrição do narrador), mas nunca imaginou que se tratava da mesma pessoa. Ele queria mesmo era o 4º Doutor. Que parece nunca vir. E a espera continuou. Como na peça de Beckett. Genial! [Roteiro: John Dorney. 5/5].

Degrees of Truth está ligada a Freedom, e narra uma das consequência da última tentativa de escape do Mestre. Um dos soldados da UNIT que trabalhava na operação foi morto. A trama segue no funeral do jovem e imediatamente coloca o enlutado pai em cena, perguntando para o Brigadeiro por que não havia corpo no caixão, apenas uma foto. Aí começa a verdadeira linha de “graus de verdade” que o título nos diz. O 3º Doutor tenta ao mesmo tempo manter seguras as informações sobre a UNIT, mas tem um dever para com o pai. E então uma história que não é nem mentira nem verdade é contada. E lembrada. Até que, no fim, o pai consegue raciocinar melhor. E entender que algum grau de verdade, mesmo não sendo o bastante, já é um caminho para a cura. Ou para o total desespero. [Roteiro: David A. McIntee. 3,5/5]

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