Espaço: Planeta Carnelion IV, e a Capital da República Coruscant
Tempo: Republica galática, antes das Guerras Clônicas. Entre o Episódio II e o Episódio III
Um dos períodos mais bem explorados da nova timeline de Star Wars com certeza é o tempo que se passa entre o Episódio II e o Episódio III. Isso se deve ao excelente trabalho de Dave Filoni e todos os outros responsáveis pela animação Clone Wars. Por mais que essa não seja uma obra cinematográfica, a animação cumpre muito bem o papel de contar um dos períodos mais importantes e misteriosos de toda a Saga.
Apesar de vermos uma relação entre Obi-Wan e Anakin mais bem trabalhada na série do que nos 3 filmes, devido ao tempo que o roteiro tem para explorar essa amizade, os fãs não tiveram a oportunidade de ver a relação mestre e aprendiz que a dupla teve. Clone Wars consegue explorar muito bem a amizade que dois Jedi já formados possuíam, vemos ali um Kenobi experiente e um Skywalker ávido pela força e pelo combate.
Talvez, essa falta de conteúdo sobre “Anakin aprendiz” tenha levado a Disney a publicar Obi-Wan & Anakin, e essa era a tarefa que Charles Soule tinha que lidar. Trabalhar com Star Wars é um sonho que pode virar pesadelo, a obra é com certeza uma das maiores Sagas já feitas da cultura pop. Toda essa grandeza cobra um cuidado e delicadeza dignas de um artesão. O roteiro nasce com uma missão muito complicada; não se deve ousar muito, pois mudar desagradaria à todos, e também não se pode ousar de menos e acabar desenvolvendo uma história esquecível.
A trama do quadrinho se passa em Carnelion IV, planeta que não está na jurisdição da República. Isso não impediu que a Ordem Jedi respondesse uma chamada de socorro vindo do local. Para atender esse pedido de ajuda, os mestres Jedis resolveram mandar o cavaleiro Obi-Wan e seu Padawan Anakin, ao chegarem no planeta se depararam com um local totalmente destruído, isso acontece porque a população está no meio de uma guerra civil. Dito isso, toda a história se passa em Carnelion IV, exceto pelos flashbacks. Momentos esses que são muito comuns no enredo de Soule – o roteirista usa muito desse artifício de roteiro para mostrar, não apenas a relação de Anakin com Kenobi, mas para mostrar a crescente amizade de Skywalker com Palpatine.
Os flashbacks com certeza são as partes mais intrigantes do quadrinho. Nós não tivemos muitas oportunidades de ver a relação prévia do futuro Darth Vader com seu mestre, a HQ confirma o quão astuto era Sidious, desde a infância de Anakin, o Sith já manipulava as opiniões do garoto. Isso fortalece um pouco a “rápida queda” que o jedi teve em A Vingança dos Sith, era claro que Palpatine vinha colocando uma outra visão na mente do cavaleiro.
Porém, o brilho no roteiro de Obi-Wan & Anakin para por aí, a trama não se mostra ruim, mas também não é interessante. Anteriormente comentei que, quando se escreve uma história no universo de Star Wars, deve-se tomar muito cuidado com a falta de ousadia, e no quadrinho, Charles Soule faz exatamente isso. No final da HQ vemos uma trama sem brilho algum, que não possui uma boa carga dramática, falha nos diálogos e na ação.
Se o roteiro falha, a arte vai por um caminho totalmente contrário. Marco Checchetto entrega muito bem o cenário, que lembra muito o estilo steampunk. O traço é detalhado, tanto em grandes planos como em planos mais focados, vemos quadros com muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo, e mesmo assim tudo é de fácil entendimento. É claro que as cores de Andres Mossa também são parte importante no sucesso da arte. Mossa escolheu usar, nas cenas em Carnelion IV, uma palheta de cores muito pautada no azul e no verde. Quando estamos no planeta temos cores e traços semelhantes à aquarelas, e quando vamos para Coruscant, é mostrado algo mais realista.
Obi-Wan & Anakin, apesar de ter um roteiro mediano, é uma história que vale muito a pena ser lida e admirada. Só de termos a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre esse universo que tanto amamos já vale muito a pena experiência entregue pelo quadrinho.
Star Wars: Obi-Wan & Anakin #1 a #5 — EUA 2016.
Roteiro: Charles Soule
Arte: Marco Checchetto
Cores: Andres Mossa
Letras: Joe Caramagna
Editora original: Marvel Comics
Data original de publicação: Janeiro de 2016
Editora no Brasil: Não publicada até a data da presente postagem
Páginas: 110 (aprox.)